Síndrome dolorosa regional complexa: diagnóstico e tratamento

A síndrome dolorosa regional complexa (SDRC) é um termo genérico para uma variedade de apresentações clínicas caracterizadas por dor crônica e alterações vasomotoras e tróficas.

Síndrome dolorosa regional complexa

A nomenclatura “Síndrome Dolorosa Regional Complexa” (SDRC) é a mais atual e recomendada pela International Association for Study of Pain (IASP). Ao longo dos anos, foram dadas diversas denominações para a mesma afecção: causalgia, atrofia de Sudeck, algodistrofia, síndrome ombro-mão, dor simpaticamente mantida, distrofia simpático reflexa.

Epidemiologia

A incidência varia entre 5,5 e 26,2 casos por 100.000 pessoas por ano. Até o presente momento, não existem dados brasileiros.

Em crianças, os principais fatores desencadeantes são os traumas de estresse. É mais comum em meninas entre nove e 15 anos. Os membros inferiores são os mais afetados.

Fisiopatologia

É causada por um processo multifatorial que envolve mecanismos periféricos e centrais. Como numa balança, esses fatores contribuem de maneiras diferentes em cada paciente, gerando diversidade nas apresentações clínicas.

  1. Fatores relacionados à lesão inicial: Aumento de citocinas inflamatórias, como interleucina 1β, substância P, osteoprotogerina, gerando alodínea, hiperalgesia, edema e alteração vasomotora.
  2. Sensibilização nociceptiva central e periférica: No sistema nervoso central, há aumento da excitabilidade neuronal. No sistema nervoso periférico, ocorrem alterações nas fibras aferentes que aumentam o disparo nociceptivo para estímulos não dolorosos como mecânico e térmico. Isso explica dor espontânea, hiperalgesia e alodínea.
  3. Função alterada do sistema nervoso simpático e acoplamento simpático-aferente: Ocorre expressão de receptores de catecolaminas nas fibras nociceptivas, ou seja, as catecolaminas liberadas em resposta a dor ou estresse podem desencadear diretamente o disparo dos nociceptores, gerando dor (fenômeno chamado de acoplamento simpático-aferente).
  4. Fatores inflamatórios e imunológicos: Estudos tem sido feitos na tentativa de associar citocinas inflamatórias, imunoglobulina G e autoanticorpos na gênese da patologia. A suposição é que a SDRC seja uma expressão da autoimunidade.
  5. Alterações cerebrais: Os estudos de imagem cerebral sugerem alterações nas vias de dor e no sistema somatossensorial.
  6. Fatores genéticos: Ainda são pouco conhecidos. Estão em pesquisa genes que codificam adrenoceptores e sistema HLA (antígenos leucocitários humanos).
  7. Fatores psicológicos: Os fatores psicológicos isoladamente não geram SDRC, contudo, devido a dor e incapacidades gerados pela doença, cerca de 25-49% dos pacientes pode desenvolver algum transtorno do humor.